Que ninguém se perca

Publish date 05-03-2007

by Redazione Sermig


Nesta segunda página a ele dedicada, Dom Luciano nos avizinha à espiritualidade que caracterizou toda a sua vida.  

de Dom Luciano Mendes de Almeida


O importante é fazer a vontade do Pai, isto é, fazer o bem – no nome de Jesus – para que os homens se saibam amados pelo Pai e nós fazemos o bem que o Pai quer que seja feito. A formação nos faz crescer na vida da oração, na vida da amizade no Senhor, na abertura àqueles mais pobres. Ou seja, no discernimento constante da vontade do Pai que quer que ´´ ninguém se perca´´, mas que todos venham à vida plena. A vida de prece me parece que deva ser unida à Palavra de Deus e à certeza de quanto o Pai se comunica conosco através das palavras, a presença de Jesus e o amor do Espírito.
Há aqueles que oram mais, e mais a longo, no silêncio. Há aqueles que esperimentam a presença do Senhor também quando se dedicam aos doentes, aos sofredores, aos pequeninos, porque fazendo o bem sentem a alegria do amor gratuito, no qual o Senhor se revela como fonte no doar-se e princípio de toda gratuidade.

Santo Inácio dizia que o homem de oração é chamado a ver e descobrir a presença de Deus em todas as coisas, mas é chamado a afundar-se em Deus, no seu amor e a ver todas as coisas n´Ele. Isto é, assim como aquele que se apaixona descobre o quanto é amado por aquele que lhe quer bem e por meio de pequenos sinais percebe o amor do amigo, assim o contemplativo pouco a pouco descobre a presença de Deus nas coisas por Ele criadas.

Porém haverá um momento de graça na qual não apenas descobre Deus presente nas coisas por Ele criadas, mas se abandona o Seu amor de Pai, infinito e gratuito e crê no amor para sempre. Então tudo o que acontece não é apenas estrada e caminho em direção a Ele, mas é esplendor, glória, raio que vem do Sol, expressão que vem da aurora. É isto, me parece, que Santo Inácio queria dizer quando falava que é belo ´´ ver todas as coisas, as pessoas, os acontecimentos em Deus´´.

É o mesmo que acontece quando a pessoa apaixonada se convence de ser amada e passa a considerar os sinais de afeto não como prova de um amor que se está descobrindo, mas como expressão de um amor forte que é enfim definitivamente achado e que se torna ponto de referência de tudo que acontece.
Logo a pessoa – o filho de Deus – que se sabe realmente amado, aprende pouco a pouco na prece a ver tudo na luz do amor do Pai, como Jesus, que se sabia sempre amado pelo
Seu Pai e fazia com amor a Sua vontade.

Assim penso que o importante na espiritualidade não é tanto o crescimento no conhecimento das coisas que são ditas a propósito de Deus. Tampouco na bela cultura bíblica, que revela o sentido das palavras – embora seja tudo isto graça que muito nos ajuda. Mas é sim o coração puro, dócil, amoroso a Deus, que aceita a vida com confiança e vê em cada evento a presença de Deus, em cada irmão ou irmã a imagem de Deus a amar, a fazer crescer na vida, a tornar semelhante a Deus, isto é, a fazer feliz avizinhando-a sempre mais a Deus.

Como chegar a isto? Basta um longo tempo de prece? Ou é necessário algo mais? Penso que seja uma graça de Deus, mas que pode ser acolhida com mais amplitude quando procuramos viver a gratuidade do amor nos sinais de doação de nós mesmos aos mais pobres e abandonados. Assim não somente devemos unir a prece à ação, mas é a ação que nos ajuda a fazer a experiência de comunhão com Deus através da gratuidade do doar-se.

É claro que há gratuidade também somente na prece,
mas quando alguém se dedica aos sofredores, aos aidéticos e quase renuncia à paz da contemplação unicamente, isto pode oferecer (sem descuidar-se de rezar em outros momentos) algo de especial na experiência da gratuidade.

Dom Luciano Mendes de Almeida

Traduzione di Luzia Rozatti



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